o amor
Continuei o meu jogo pela madrugada dentro. Fechava o livro e pensava, tenho de dormir, fechava o livro, mas voltava a abri-lo. Abria o livro ao acaso depois de te o ter fechado e lia mais um poema, fazendo cada palavra demorar-se na boca, nos olhos, na cabeça. em cada palavra ficava um bocadinho sentada lá dentro, aconchegada, ou com medo, ou com certezas. ou com mais palavras apenas. com as minhas palavras não ditas. porque nunca soube escrever poesia.É manhã e volto a repetir o jogo:
fico admirado quando alguém, por acaso e quase sempre
sem motivo, me diz que não sabe o que é o amor.
eu sei exactamente o que é o amor. o amor é saber
que existe uma parte de nós que deixou de nos pertencer.
o amor é saber que vamos perdoar tudo a essa parte
de nós que não é nossa. o amor é sermos fracos.
o amor é ter medo e querer morrer.
(p. 57)
é exactamente isso. o amor é tudo o que dizes. tudo e apenas.
2 Comments:
muito bem! em divagações bloguísticas (para posteriores ligações), encontrei-te. gosto
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