sexta-feira, outubro 05, 2007

Um Capricho da Natureza, Nadine Gordimer

É a segunda vez que leio da Nadine Gordimer. A primeira coisa que li foi uma short story em inglês, matéria obrigatória quando fiz o meu curso de Línguas e Literaturas Modernas.
Tantos anos depois, comecei a ler "Um Capricho da Natureza" quase por acaso. Estava de férias no Porto Santo e apetecia-me ler, sabe tão bem estar de férias e andar agarrada a um livro.
Perguntei onde era a livraria, mas estava fechada nessa hora e no dia seguinte também não foi possível lá ir, já não sei porquê. Foi assim que acabei comprando um livro na Estação dos Correios. A escolha era pouca e quando dei por mim estava já na rua com este livro na mão. Tem quase 400 páginas (397, para ser mais precisa) e as linhas são demasiado juntas para o meu gosto. Mas está muito bem escrito e foi sem dificuldade que cheguei à parte onde vou agora, na página 176.

"(...) De início ela viu apenas as borboletas, uma profusão de borboletas que faziam vibrar o ar tranquilo e denso. Havia também flores brancas a transbordar de perfume. Hillella mergulhou nelas o rosto, como as borboletas também faziam. A selecção competitiva da natureza - árvores lustrosas e vorazes que tinham matado à fome os arbustos próximos abrindo espaços de ervas e plantas mais pequenas; trepadeiras e lianas devorando as outras árvores que haviam cometido o erro de nascer demasiado perto - dera origem ali a uma espécie de jardim; ou seria talvez efeito de uma recomposição humana da natureza, uma intervenção muito antiga, mas ainda precariamente identificável sob a forma natural da vegetação, como as linhas de uma cidade perdida que se distinguem do alto de um avião em pleno voo.(...)"

Hillela é a personagem principal. Ela é o tal "capricho da natureza", a que se refere o título.