quarta-feira, abril 02, 2008

um pedaço de neve que derretia

"E Rosa percebeu de repente que se estavam a passar coisas no jardim, um pedaço de neve que derretia e escorregava de uma árvore, uma nuvem que escondia o sol e transformava tudo por instantes, a mão da miúda cheia de neve com a qual ela fazia uma bola que depois pousava no chão ao seu lado."

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Leio. Leio. Leio devagar, fascinada. Parece que consigo tocar em cada floco de neve, e ouvir cada rumor, e sentir toda a estranheza de tudo. E andar no jardim misterioso e entrar na casa e ver a miúda que nunca tem frio e parece que mais ninguém vê. Escrever é isto.

terça-feira, abril 01, 2008

uma leve impressão de felicidade

"Gostava de acordar no seu quarto todas as manhãs. Uma leve impressão de felicidade no ar, como um cheiro a flores, ou a neve, em tempos imaginara que a neve tinha cheiro.
Havia qualquer coisa naquela casa que a fazia lembrar-se de livros infantis, os longos corredores e os quartos fechados, os degraus, tinha de subir três degraus para entrar em alguns quartos, e claro, tinha de descer cinco para entrar na cozinha, a cozinha de livros e de crianças, descobrira ao fundo uma porta que dava para uma cave."

pag 55

beleza assombrada

Michael, ele chamava-se Michael, e era de uma beleza assombrada, com qualquer coisa de terrível.
O princípio do terrível, murmurou.
Lembrou-se do longo passeio pelas ruas mal iluminadas, da miúda de pernas compridas que agora lhe parecia um fruto da sua imaginação. Mas não era importante.
Talvez a miúda fosse um fantasma, mas trouxera-a para um lugar chamado Jamaica Inn. Rose teve um arrepio de prazer. Estava num lugar chamado Jamaica Inn e ia enocntrar-se com um homem que ra descendente de piratas, que talvez fosse violento, gostava de homens violentos.

pag. 43